O despontar da revolução industrial e da economia de mercado, arrastou progressivamente os seres humanos para a prática do "egocentrismo": cada qual olha apenas para as suas necessidades, quer sempre ter mais e mais "coisas", quer sempre ser mais importante, ou pelo menos não ficar atrás do vizinho !
Essa cultura do egocentrismo, levou à hiper-valorização do TER sobre o SER, e à fetichização das sociedades actuais.
O consumismo contribui ainda mais para exacerbar essas tendências egoísticas e de vaidade, fazendo prevalecer o signo da troca e machucando o intercâmbio cultural natural entre os seres humanos.
Nas nossas sociedades consumistas, vale tudo para vender o supérfluo, e o marketing não hesita em usar as leis económicas para machucar a própria economia: em vez da Oferta se adaptar à Procura, procura forçar-se a Procura dos consumidores a adaptar-se à Oferta dos produtores!
Nessa cruzada de marketing, visando a conversão dos seres humanos ao consumismo "cego", é utilizado sem escrúpulos o chamado "efeito padrão", pelo qual as classes de rendimentos mais baixos tendem a imitar o comportamento das classes com mais elevados rendimentos!
Resultado: as classes de rendimentos mais baixos endividam-se (aí estão os cartões de crédito para as explorarem até à medula, com taxas de juro exorbitantes) para terem bens, mesmo que supérfluos, mas que se tornaram importantes no ponto de vista do seu exibicionismo social, isto é do ponto de vista do TER!
Com esse comportamento nem se respeita a vida animal (casacos de pele, estofos de pele, ..., dão prestígio social), nem a natureza ( hiper-exploração dos seus recursos não renováveis e até, pasme-se, construção de centrais nucleares em zonas sísmicas)!
Por isso é imperioso lutar, como o vem referindo Paulo Borges por um novo paradigma cultural, o qual deve objectivar uma cultura civilizacional baseada na dignidade e respeito por todos os animais (seres humanos incluídos) e pelo ecossistema natural (Projecto defendido pelo PAN - Partido dos Animais e da Natureza).
Trata-se afinal de começarmos a ser norteados por valores éticos universalistas, introdutores de uma visão holística no nosso quotidiano, e no nosso relacionamento respeitador e equilibrado com todos os seres gerados pela Natureza e com a própria Natureza.
Como referido por Paulo Borges «nesta visão holística da Vida, o ser humano não perde a sua especificidade, mas, em vez de se assumir como o dono do mundo, torna-se responsável pelo equilíbrio ecológico do planeta e pelo direito de todos os seres vivos à vida e ao bem-estar».
2 comentários:
concordo plenamente com o que está escrito. Aliás, quem de bom senso nao concordara??
Eu também concordo...mas para dar a volta a isso é preciso realmente uma mudança de mentalidade, que honestamente não sei como se consegue...
Posso fazê-lo na minha casa e participar/divulgar outras formas de pensar, mas será que assim vamos lá?
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