segunda-feira, 7 de março de 2011

Indicadores económicos: o FIB


É frequente, em particular na comunicação social e no discurso político, a confusão entre Desenvolvimento Económico e Crescimento Económico.
O segundo é medido a partir da produção comercializável, sendo que a sua avaliação é feita com base nos agregados da contabilidade nacional, como o Produto Interno Bruto ou o Rendimento Nacional. Mas este indicador pouco ou nada nos diz sobre o desenvolvimento, cuja avaliação inclui as mudanças das estruturas mentais e dos hábitos sociais, a distribuição da riqueza produzida, a justiça do sistema fiscal, a qualidade da educação, a igualdade de oportunidades, etc.
No entanto, o crescimento económico tem sido, frequentemente, o único barómetro utilizado pelos responsáveis políticos – com eco na comunicação social - para medir o bem-estar e a “saúde” de um território.
De facto, quando se analisa a economia do país ou de uma das suas regiões, os indicadores que sobressaem e aos quais é dada maior relevância são indicadores que se debruçam, quase exclusivamente em critérios de crescimento económico, de criação de riqueza ou relacionados com a produtividade. Esses indicadores pouco dizem sobre o bem-estar da população ou como essa riqueza é distribuída. Para além disso, omitem qualquer consideração de natureza ecologia ou acerca do bem-estar de quaisquer outras espécies com que coabitamos. São centrados exclusivamente no homem e desligados do meio em que ele se insere.
O Butão adoptou, nos anos 70, um indicador designado Felicidade Interna Bruta (FIB). O FIB não está em contraposição ao Produto Interno Bruto (PIB): este é parte integrante do primeiro, uma vez que o crescimento económico, na sociedade actual assente num modelo económico que pressupõe o aumento contínuo da produção, também promove o bem-estar. No entanto, também não pretende valorizar exclusivamente a capacidade produtiva da população.

Para o cálculo do FIB são tidos em conta nove elementos de onde são extraídos indicadores que lhe servem de base:
 
1. Bem-estar psicológico 
Avalia o grau de satisfação que cada pessoa relativamente à sua vida, analisando-se a auto-estima, a auto-realização em termos de competência, o stress, as actividades espirituais, bem como sentimentos de egoísmo, inveja, calma, compaixão, generosidade e frustração.
 
2. Meio ambiente 
Procura-se medir a qualidade da água, do ar e do solo e a biodiversidade. Nesse sentido, utilizam-se indicadores como o estado dos recursos naturais, as pressões sobre os ecossistemas, o acesso a áreas verdes ou a adequação dos sistemas de recolha de lixo.

3.     Saúde 
Mede a eficácia das políticas de saúde, utilizando critérios como a auto-avaliação da saúde, os níveis de invalidez, os comportamentos de risco, a qualidade do sono, a nutrição, as práticas de amamentação ou condições de higiene.
O sistema de saúde é avaliado a partir do ponto de vista da satisfação do utilizador, incluindo na sua avaliação a simpatia dos prestadores de cuidados, a competência, o tempo de espera, o custo e o nível de acesso.

4.     Educação 
Avalia as taxas de alfabetização, o acesso ao ensino, a eficácia da educação em prol do bem-estar colectivo, a participação na educação informal, o envolvimento dos pais na educação dos filhos ou a educação ambiental.

5.     Nível de vida 
Analisam-se o rendimento per capita, a qualidade dos bens e serviços disponíveis, o nível de rendimento familiar, a segurança financeira, o endividamento e a assistência recebida de familiares e amigos.

6.     Utilização do tempo 
Pretende-se aferir sobre o equilíbrio do tempo profissional, familiar, pessoal e social.

7.     Vitalidade comunitária 
Avalia os relacionamentos e interacções comunitárias, examinando o nível de confiança, a sensação de pertença, a vitalidade dos relacionamentos afectivos, a sensação de segurança e a prática de voluntariado.

8.     Boa governação 
Mede a forma como a população vê o governo, a comunicação social, o sistema de justiça, a segurança pública e o sistema eleitoral. Avalia ainda a cidadania e o envolvimento dos cidadãos com as decisões e processos políticos.

9.     Cultura
Avalia as tradições e festivais locais, os valores fundamentais, a participação em eventos, as oportunidades de desenvolver capacidades artísticas e os níveis de discriminação religiosa, racial ou de género.

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